ALTA-COSTURA CHANEL 2025 INVERNO
- Pietra Lafemina
- há 12 minutos
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Na manhã desta terça-feira, a Chanel deu um último adeus à era que marcou o comando da equipe de estilo antes da chegada oficial do novo diretor criativo, Matthieu Blazy, prevista para outubro. A coleção de alta-costura inverno 2025 foi apresentada no icônico Salon d’Honneur do Grand Palais, em Paris — cenário que mais parecia um refúgio íntimo, com paredes espelhadas, tapetes e móveis em tons de bege que remetiam diretamente ao primeiro apartamento da fundadora Gabrielle Chanel, na Rue Cambon.

Essa escolha não foi por acaso. O espaço repleto de detalhes afetivos serviu como plano de fundo para uma coleção que revisita o legado da maison de forma fresca, trazendo elementos clássicos com uma pegada jovem e atual. O time de criação, responsável pelas últimas sete coleções desde a saída de Virginie Viard, reforçou a história da marca com uma releitura moderna que dialoga com o presente sem perder a elegância atemporal.

Entre os destaques, a coleção brincou com contrastes: peças leves e transparentes ganharam espaço ao lado dos tradicionais tweeds e bouclés carregados de textura. A aposta em tops cropped, barrigas à mostra, saias curtas e botas acima do joelho deu um toque descolado e ousado à couture tradicional, conectando a casa com as novas gerações.
O jogo de referências é rico: saias em camadas — conhecidas como “gypsy” por Gabrielle Chanel — reapareceram com bordados metalizados e acabamentos rústicos, remetendo ao verão de 1939. Já o look que uniu jaqueta curta com gola de penas e saia de cetim reviveu um clássico do inverno de 1973. As barrigas à mostra, símbolo forte da ousadia na alta-costura, trazem a assinatura do inesquecível Karl Lagerfeld, remetendo ao verão de 1999.
As cores predominantes, como o bege e o preto e branco, ecoam as preferências da própria Chanel. Elementos que marcaram sua estética — os tailleurs impecáveis, flores de cristal e detalhes em bordado — marcaram presença. Um toque simbólico ficou por conta do trigo, bordado em golas e detalhes dos botões, além do buquê da noiva que encerrou o desfile. O trigo, símbolo de prosperidade e abundância, apareceu também na decoração, presente em cadeiras e até em um quadro de Salvador Dalí no apartamento da estilista. Um aceno delicado que marca o fim de um ciclo e deseja sorte para a nova era que está por vir.
Com essa coleção, a Chanel não só celebrou 110 anos de história da alta-costura, mas também reforçou sua capacidade de se reinventar, trazendo a tradição para um diálogo vibrante com o futuro. Agora, todos os olhos se voltam para Matthieu Blazy, que promete trazer sua visão própria para a maison já na próxima temporada de prêt-à-porter.
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