SARAH BURTON E A REINVENÇÃO DA GIVENCHY NO INVERNO 2025 DA PFW

A Semana de Moda de Paris sempre reserva momentos inesquecíveis, mas poucos desfiles foram tão aguardados quanto a estreia de Sarah Burton na Givenchy. Conhecida por sua brilhante trajetória na Alexander McQueen, onde esteve por 26 anos e comandou a direção criativa por 13, Burton finalmente inicia um novo capítulo em sua carreira.

O cenário do desfile não poderia ser mais simbólico: embalagens de papel pardo espalhadas pelo espaço remetem a uma descoberta histórica. Durante reformas no antigo ateliê da Givenchy, foram encontrados sacos com desenhos, moldes e tecidos da primeira coleção de Hubert de Givenchy, de 1952. Essa descoberta serviu de ponto de partida para Burton explorar a essência da maison sob uma nova perspectiva.

Com um olhar apurado para a construção das peças, Burton trouxe uma interpretação moderna do legado da Givenchy. A coleção evolui em torno da alfaiataria, com um jogo de volumes estruturados e silhuetas que remetem à forma de ampulheta. Os casacos e vestidos de smoking surgem com bainhas cruas, trazendo um toque de desconstrução sofisticada.

Sarah Burton não deixou de lado a identidade da Givenchy e incluiu referências diretas ao trabalho do fundador. Vestidos de renda inspirados na coleção de 1952 aparecem renovados, alguns com capas volumosas, evocando os looks icônicos criados por Hubert para Audrey Hepburn.

A presença da alta-costura se faz sentir nos acabamentos, nos laços gigantes e nas saias de tafetá bordadas com flores. A escolha por tecidos estruturados contrastando com materiais fluidos dá dinamismo à coleção, mantendo a sofisticação clássica da grife.

Para além das roupas, o desfile também foi um statement sobre representatividade na moda. Sarah Burton trouxe à passarela um casting mais diverso, demonstrando uma visão mais inclusiva para a marca. Nas primeiras fileiras, nomes como a cantora Yseult e a atriz Gwendoline Christie reforçaram a importância de uma moda que dialoga com diferentes corpos e idades.

A estreia da estilista marca um recomeço promissor para a maison e prova que sua visão é capaz de honrar o passado enquanto constrói um futuro autêntico e poderoso para a moda contemporânea.